jueves, agosto 09, 2007

lustração, carinho, jaguaí

Madeira lembra: lustração
Lustração lembra: pedra pome
Pedra pome lembra: trabalho
***
Flor lembra: professora da escola
Professora da escola lembra: carinho
Carinho lembra: alegria do momento
Alegria do momento lembra: solidariedade do companheiro
***
Estrela lembra: astro
Astro lembra: personaje
Personaje lembra: Tibúrcio Duarte
Tibúrcio Duarte lembra: mestre em pedras

E assim por diante.

Pacuí
Tiradentes
Arroio Grande,
Estrada das Lágrimas...


E assim por diante.

Gato
Jacaré
Jaguaí
Mono...


E assim por diante

Alzheimer pode ser perigosa para quem cuida daquele que padece da enfermidade. Como fazer para não enlouquecer? É muito triste perguntar alguma coisa ao Don Pio e ele realmente não saber responder. Homem de vigor, de vitalidade jamais vista por mim na vida.

Mas descobri um meio de fazer com que ele pudesse se lembrar de coisas, ou ativar suas memórias, que nada são de elementares. Outro dia lhe fiz um desafio: dizia eu as letras do alfabeto e ele me dizia que palavras começavam com cada uma delas. Consituição, bandeira, etc, foram ditas. De uma ou outra maneira, sua vida política sempre vem à tona.
Outro exercício bom é que ele escreva algo. O que fez no dia, ou uma poesia, ou um texto. O primeiro texto falava sobre mudanças no meio de comunicação. De certo ele me ouve falar da internet, que hoje falei com algum amigo na rede. Textos legais. Ok, ele leva o dia inteiro para realizar algo que outrora fazia em segundos.

São importantes exercícios, alguns aprendi no Hospital das Clinicas escutando algum doutor realiza-los. Meu pai gosta dos exercícios. Sempre lhe instigo a algo. Quando está assim, a olhar o Nada, dou-lhe álbuns de fotos para lembrar alguma coisa. Outro dia viu sua própria imagem e não se reconheceu. Estranho. Mas compreensível. Muitas das células neurais morreram e consigo levaram memórias. Por isso fazer exercícios é muito bom, porque suas células, as vivas, acham outros caminhos, outro meios de conexões. Reavivam algumas memórias bem escondidas em seu cérebro. Às vezes eu mesma queria perder certas memórias. Mas a natureza que se encarregue disso. Caso não, posso viver com elas.