lunes, febrero 22, 2010

Educação e Eu


Meus irmãos sempre me mostravam como desenhar, as proporções, dimensões, aqui começa a linha, então você copia assim, e usa aquele lápis....

E chegava a minha vez, era 4ª série. Atividade: uma cópia de uma pintura.
Nessas épocas meu pai comprava a coleção “Conhecer”. Pedi pra alguém me ajudar: preciso copiar uma pintura de um artista.
Fui até o “Conhecer” e no índice encontrei: Artes. Tentei ver algum desenho interessante, sem critérios.


Mulher Chorando. Onde estão as lágrimas? Vou achar. Talvez sejam essas linhas coloridas... mas se ela ta chorando, por que tanto colorido? Sei lá. É esse mesmo.
Comecei copiar e me lembrar das lições dos meus irmãos. E não tinha tantas cores na minha paleta mas tentei aproximar o máximo.
Era tão linda a Mulher Chorando e queria ajudá-la. Por que chorava?. Não entendo. Ela é tão colorida, tão bonita, seus cabelos, seus olhos com cílios grandes. Ficou minha amiga e levava o desenho pra todos os lados. Eu mostrava para meus amigos, minha família. Ninguém ligava muito, mas eu tinha prazer em apresentá-la.
Picasso? Somente escrevi o nome da pintura e do artista na frente do desenho. Isso pra professora saber que eu tinha feito a lição corretamente.


Eduardo, Ricardo, Marcelo foram muito importante para meu processo de aprendizado. Mostravam, ensinando e guiando. Meus pais tinham essa ajuda grandiosa deles na nossa educação. Meus irmãos sempre foram sensíveis, embora tanta brutalidade que vivemos. Floresceram Letras, Música, Pinceladas, habilidades mil. Ensinar era prazeroso. Ensinei pouco meus irmãos. Agora já adulta posso aconselhar, não deixa de ser ensinamento.

***
O segundo momento em que reconheci o poder transformador da Educação na minha vida, foi também na 5 ou 6 serie, numa aula de historia. A professora Inajá falava de Iluminismo. Sua fala era suave, olhos grandes, lábios finos, cabelos escuros, atrás da orelha, longos. Sempre sentada atrás da mesa. E sempre achava que ela tivesse estado em todos os lugares de que falava, que ela tivesse presenciado aqueles fatos malucos. Será que ela conheceu toda essa gente da história que contava? Não sei. Mas logo percebi que era a aula esperada, ansiada, esperada não sei se por outras pessoas, mas por mim sobretudo.
Anos mais tarde, numa exposição BRASIL 500 ANOS, a encontrei na fila, num domingo absolutamente lotado no Parque Ibirapuera.


- Professora?
- ah..sim? ( ela claro não se lembrava de mim)
- fui sua aluna no CEPAO!!!! Eu amava suas aulas, foram as melhores da minha vida! Soltou risos tímidos, agradecidos.
- entre por aqui ( retirei-a da fila )
- A senhora será minha convidada. Trabalho como educadora aqui.
- que alegria, agora você vai me contar alguma estória!



1 comentario:

Fernando dijo...

Que lindo encontrar tempos depois sua professora, que tanto te iluminou. Trabalhei não como educador, mas como monitor, na Exposição Bossa na Oca, no Ibirapuera, de 7 de julho a 7 de setembro de 2008. Lembro-me muitíssimo bem dos momentos felizes que tive por lá, revendo amigos, e conhecendo pessoas encantadoras.

Não sei que curso você faz na USP; vou me apresentar: faço Letras, estou no segundo ano (meu 4º semestre vai começar agora em agosto). Eu tive uma formação de Educador antes de entrar na Letras, pois fiz parte da primeira turma de Técnico em Museologia, na ETEC-PJ (início de 2007 a meados de 2008, 3 semestres).

Encanto-me muito com pessoas que fazem esse tipo de trabalho. É bonito! Tentei trabalhar na área, mas meus e-mails com currículo nunca foram respondidos. Bem, agora estou em outro ramo, mas não deixo de nutrir simpatia para com educadores.

Abraço!