martes, noviembre 07, 2006

Poéticas e Políticas



Fantástica é a exposição que reúne obras do grande artista argentino Leon Ferrari. Forte poética, crítica, questionamentos são algumas das características desse gênio da arte contemporânea. É apresentada a mostra que gerou muita polêmica na Argentina: Poéticas e Políticas. Ferrari discursa sobre grandes instituições do poder, da religião. Há pinturas, esculturas, instalações nas pouco tímidas salas da Pinacoteca. Há muita curiosidade nos olhares dos visitantes, há rostos indignados, outros, pasmados. Sua obra revela muitas discussões sobre a religião, sexo, política.

A arte tem que nos fazer duvidar, indagar, questionar o mundo. Não se tem arte se não há desespero, medo, raiva... todos os sentimentos aos quais estamos fadados. E por falar em fado, para que caminhos estamos indo? Na política, o descaso. Na religião, a intolerância. Nas relações, o preconceito. O trabalho de Leon não quer julgar, quer mostrar. Expor o que está na nossa frente. E grita. Protesta também. Usa a censura imposta ao seu trabalho para rebater o antagonismo frente sua obra. Ao mesmo tempo em que traz esse diálogo com as sórdidas realidades, também me aproximou com algo belíssimo: o mundo dos sentidos. Suas esculturas, arames, brilhos contidos, são um convite para o toque. Faz um mundo de sensações quando escreve em Braille sobre fotografias de Man Ray. Ele grita, isso reverbera pela tela em textura, em relevo, em vozes de Borges ou de Apóstolos.

As artes plásticas absorvem a literatura em muitas de suas obras. Por meio da interpretação de um fato, a palavra pode confrontar a imagem e causar grandes reflexões. A obra de Ferrari é um exemplo disso.
Um quadro repleto de textos. Nenhuma figura, nenhuma imagem. Somente caracteres. Nesse caso podemos falar literalmente em “leitura de obra” em sua série "Brailles". DIVINA.
ºº

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